domingo, 16 de agosto de 2009

O Brasil nas vésperas de JK

O país então era ainda uma imensa fazenda, vindo da exportação de café, de algodão, de açúcar, de tabaco, de couros e de cacau. Desde a revolução de 1930, Getúlio Vargas, sempre amparado num estado forte, vinha aos poucos mudando o perfil econômico do pais, investindo em siderurgia e, depois, no seu segundo mandato (1951-54), na Petrobrás, visando alcançar a maior autonomia econômica possível. Em 24 de agosto de 1954 deu-se, porém, a grande tragédia. Acossado violentamente por seus inimigos, Getúlio Vargas suicidou-se no Palácio do Catete. O Brasil, em choque, caiu em fúria e em lágrimas. A muito custo a ordem constitucional foi mantida e, nas eleições de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek de Oliveira, ex-governador de Minas Gerais, da coligação PSD-PTB, foi eleito por um apertada margem de votos (3.077.411, ou 33,8% dos sufrágios). Fato que deu margem a que a oposição udenista (da UDN, partido conservador anti-getulista) iniciasse manobras tentando impedir a posse do novo presidente. Situação que somente foi resolvida por um golpe militar preventivo desencadeado pelo Movimento 11 de novembro de 1955, pelo General Henrique Teixeira Lott, Ministro da Guerra. Homem-forte que, desde aquela ocasião, garantiu a normalidade constitucional dos cinco anos de governo Kubitschek.
O Plano de Metas
Empossado no dia 31 de janeiro de 1956, Juscelino quase que de imediato, em fevereiro mesmo, apresentou a nação o seu Plano de Metas. Tratava-se de um ambicioso projeto de, com auxilio do capital estrangeiro, transformar o Brasil numa nação industrializada no mais rápido espaço de tempo possível, justificando assim a sua promessa de campanha de fazer “50 anos em 5”. Esta decisão vinha de tempos, desde que Juscelino, deputado federal, visitara os Estados Unidos em 1948. Sentiu lá com seus próprios olhos, que o Brasil não poderia mais continuar preso à produção agrícola, fazendo de tudo para mudar a sua face. A nação que ele herdou era extremamente pobre. Em 1950, 10 milhões de brasileiros dedicavam-se a agropecuária, de quem outros mais 20 milhões dependiam. Na cidade, ativos no comércio, nos serviços e na indústria, concentravam-se outros 21 milhões, ganhando salários baixíssimos. Tudo isso fazia com que 60% da população vivesse no campo e somente 40% nas áreas urbanas. O Produto Bruto Nacional não ultrapassava 7 bilhões de dólares e a renda per capita era de 137 dólares. Logo, o projeto desenvolvimentista que ele abraçou, visava alterar aquele estado de coisas, afinando-se assim com a elite intelectual de sociólogos e economistas, como Hélio Jaguaribe, Guerreiro Ramos e Cândido Mendes, que concentravam-se no ISEB e que defendiam um desenvolvimento autônomo.

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