terça-feira, 1 de setembro de 2009

O esplendor dos anos JK



Aqueles foram tempos luminosos para a cultura e o esporte no Brasil

Grande momento cultural

Vistos à distância, os anos JK aparecem como um dos períodos mais ricos da produção cultural brasileira, num quadro de fundas mudanças de comportamento.Cena do filme "Rio 40 graus", de Nelson Pereira dos Santos

Foram os anos da consolidação do Cinema Novo, surgido pouco antes e que consagraria diretores como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Joaquim Pedro de Andrade.

Cena da peça "Chapetuba F.C.", encenada pelo grupo Arena e dirigida por Augusto BoalNo teatro, aquele foi o tempo em que deslancharam os grupos Arena e Oficina, ao impulso de criadores como Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e José Celso Martinez Corrêa.

Guimarães RosaNo terreno da literatura, o qüinqüênio de Juscelino Kubitschek viu chegarem às livrarias obras imediatamente clássicas como Grande sertão: veredas e Corpo de baile, de Guimarães Rosa, Laços de família, de Clarice Lispector, O encontro marcado, de Fernando Sabino, Duas águas, de João Cabral de Melo Neto e Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso.

Suplemento dominical do Jornal do Brasil, março de 1959O panorama literário enriqueceu-se, ainda, com o surgimento do concretismo e do neoconcretismo, movimentos animados, entre outros, pelos poetas Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Ferreira Gullar, José Lino Grünewald e Reinaldo Jardim, e divulgados nas páginas do influente Suplemento Dominical do Jornal do Brasil.

Os estudos brasileiros foram alimentados com o lançamento de ensaios seminais como Formação da literatura brasileira, de Antonio Candido,Visão do paraíso, de Sérgio Buarque de Holanda – também organizador da História geral da civilização brasileira –, Formação econômica do Brasil, de Celso Furtado, Os donos do poder, de Raymundo Faoro, eOrdem e progresso, de Gilberto Freyre.

O panorama das artes

O momento esplêndido que a arquitetura atravessava, sobretudo com a construção de Brasília, tinha uma contrapartida não menos fecunda no campo do design, em especial com os móveis concebidos por Sergio Rodrigues, o criador da internacionalmente conhecida e premiada Poltrona Mole.

Grupo neoconcreto: a partir da esquerda, Ferreira Gullar, Lígia Pape, Theon Spanudis, Lygia Clark e Reinaldo Jardim. Rio de Janeiro, 1959No campo das artes plásticas, um passo importante foi a eclosão do movimento neoconcreto, tentativa de encontrar uma expressão nacional para o projeto construtivista internacional, a partir de um manifesto assinado, em março de 1959, por Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lígia Pape e Reinaldo Jardim. O período foi marcado, ainda, por um adensamento da produção artística brasileira. É desse tempo, talvez, a melhor fase da pintura de Guignard. Artistas como Iberê Camargo, Sérgio Camargo, Alfredo Volpi e Mira Schendel entraram na posse de sua maturidade.

Capa de Carlos Scliar para a revista Senhor, setembro de 1959Os ventos modernizantes daqueles anos alcançaram também a imprensa, sobretudo com a reformulação gráfica do Jornal do Brasil, que influenciaria várias outras publicações, e o lançamento da revista Senhor, excepcional tanto pelo conteúdo como pelo design gráfico.

A revolução da bossa nova

Capa do LP Chega de Saudade, de João Gilberto, lançado em 1958Um grande poeta, Vinicius de Moraes, desgarrou-se da poesia escrita para encorpar, como letrista, a revolução musical que foi a bossa nova, surgida em 1958 – ano de lançamento do histórico Canção do amor demais, de Elizeth Cardoso, que em duas faixas, "Chega de saudade" e "Outra vez", registrou a inovadora batida do violão de um desconhecido João Gilberto.

Tom JobimA música brasileira perdeu Villa-Lobos. Mas ganhou Tom Jobim. Longe de esgotar-se em si mesmo, o esplendor criativo dos anos JK formou uma garotada cujos talentos iriam florescer mais adiante, em meados da década de 1960. Para lembrar apenas a música, cresceu ali a geração ainda hoje inigualável de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Edu Lobo e tantos outros.

Brilho brasileiro no esporte

Também no esporte foi inesquecível o qüinqüênio 1956-1961, pontilhado por títulos inéditos e grandes feitos de atletas brasileiros.

Ademar Ferreira da SilvaEm 1956, nos jogos de Melbourne, na Austrália, Ademar Ferreira da Silva sagrou-se bicampeão olímpico, reprisando o feito de 1952, em Helsinque, na Finlândia, e batendo novamente o recorde mundial de salto triplo.

Em 1958, a seleção brasileira de futebol conquistou na Suécia a sua primeira Copa do Mundo, a taça Jules Rimet (mais tarde furtada e derretida por ladrões de ouro, no Rio de Janeiro), numa sucessão de vitórias em que brilhou um garoto de dezessete anos, Pelé.

No mesmo ano, a tenista Maria Esther Bueno ganhou seu primeiro título no torneio de Wimbledon, na Inglaterra, em dupla com a americana Althea Gibson. Ela seria bicampeã em 1960, quando se tornou também a primeira mulher a vencer os torneios de duplas do Grand Slam (Australian Open, Wimbledon, Roland Garros e US Open).

Em 1959, a seleção brasileira de basquete trouxe de Santiago, no Chile, seu primeiro título mundial.

Também no boxe o Brasil ganhou seu primeiro título mundial, quando, em 1960, o peso-galo Éder Jofre derrotou o mexicano Eloy Sánchez.

domingo, 16 de agosto de 2009

O Brasil nas vésperas de JK

O país então era ainda uma imensa fazenda, vindo da exportação de café, de algodão, de açúcar, de tabaco, de couros e de cacau. Desde a revolução de 1930, Getúlio Vargas, sempre amparado num estado forte, vinha aos poucos mudando o perfil econômico do pais, investindo em siderurgia e, depois, no seu segundo mandato (1951-54), na Petrobrás, visando alcançar a maior autonomia econômica possível. Em 24 de agosto de 1954 deu-se, porém, a grande tragédia. Acossado violentamente por seus inimigos, Getúlio Vargas suicidou-se no Palácio do Catete. O Brasil, em choque, caiu em fúria e em lágrimas. A muito custo a ordem constitucional foi mantida e, nas eleições de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek de Oliveira, ex-governador de Minas Gerais, da coligação PSD-PTB, foi eleito por um apertada margem de votos (3.077.411, ou 33,8% dos sufrágios). Fato que deu margem a que a oposição udenista (da UDN, partido conservador anti-getulista) iniciasse manobras tentando impedir a posse do novo presidente. Situação que somente foi resolvida por um golpe militar preventivo desencadeado pelo Movimento 11 de novembro de 1955, pelo General Henrique Teixeira Lott, Ministro da Guerra. Homem-forte que, desde aquela ocasião, garantiu a normalidade constitucional dos cinco anos de governo Kubitschek.
O Plano de Metas
Empossado no dia 31 de janeiro de 1956, Juscelino quase que de imediato, em fevereiro mesmo, apresentou a nação o seu Plano de Metas. Tratava-se de um ambicioso projeto de, com auxilio do capital estrangeiro, transformar o Brasil numa nação industrializada no mais rápido espaço de tempo possível, justificando assim a sua promessa de campanha de fazer “50 anos em 5”. Esta decisão vinha de tempos, desde que Juscelino, deputado federal, visitara os Estados Unidos em 1948. Sentiu lá com seus próprios olhos, que o Brasil não poderia mais continuar preso à produção agrícola, fazendo de tudo para mudar a sua face. A nação que ele herdou era extremamente pobre. Em 1950, 10 milhões de brasileiros dedicavam-se a agropecuária, de quem outros mais 20 milhões dependiam. Na cidade, ativos no comércio, nos serviços e na indústria, concentravam-se outros 21 milhões, ganhando salários baixíssimos. Tudo isso fazia com que 60% da população vivesse no campo e somente 40% nas áreas urbanas. O Produto Bruto Nacional não ultrapassava 7 bilhões de dólares e a renda per capita era de 137 dólares. Logo, o projeto desenvolvimentista que ele abraçou, visava alterar aquele estado de coisas, afinando-se assim com a elite intelectual de sociólogos e economistas, como Hélio Jaguaribe, Guerreiro Ramos e Cândido Mendes, que concentravam-se no ISEB e que defendiam um desenvolvimento autônomo.

Juscelino Kubitschek

Juscelino Kubitschek de Oliveira (Diamantina, 12 de setembro de 1902 — Resende, 22 de agosto de 1976) foi um médico, militar e político brasileiro.
Conhecido como JK (lê-se jota-cá), foi prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas Gerais (1951-1955), e presidente do Brasil entre 1956 e 1961. Foi o primeiro presidente do Brasil a nascer no século XX.
Foi casado com Sarah Kubitschek, com quem teve as filhas Márcia Kubitschek e Maria Estela Kubitschek.
Foi o responsável pela construção de uma nova capital federal, Brasília, executando assim o antigo projeto, já previsto em 3 constituições brasileiras, da mudança da capital para promover o desenvolvimento do interior do Brasil e a integração do país.
Durante todo o seu governo, o Brasil viveu um período de desenvolvimento econômico e estabilidade política. Com um estilo de governo inovador na política brasileira, Juscelino construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança entre os brasileiros.